sexta-feira, junho 02, 2006

Décima primeira parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

Barreiras e oportunidade de aprender sobre Ki

- Muitas pessoas que gostariam de vir ao Japão aprender Ki-Aikido ou Kiatsu no quartel General simplesmente não possuem tempo ou dinheiro para dispender estudando durante 2 anos, longe de seus empregos, morando no Japão e aprendendo outra língua. Qual a alternativas para essas pessoas se não existir um dojo por perto?
- Há muitos dojos da Ki Society pelo mundo afora. Nós também desenvolvemos um curso à distância por meio de vídeos, com o qual as pessoas podem aprender em casa ou com um grupo de amigos. Eles podem vir ao Hombu Dojo apenas duas vezes ao ano para 4 dias de seminários para checar seus progressos. Apesar de que este modo possa tomar mais tempo do que um estudo intensivo no Hombu Dojo (morando no local), nós temos percebido que para estudantes sérios o volume de tempo não é o elemento mais importante para o progresso. Mesmo após alguns dias estudando com o vídeo, eu lembro de um grupo de cinco estudantes que se uniram e treinaram juntos usando meus vídeos e livros como guia. Eles faziam turnos, nos quais uma pessoa lia como fazer a técnica passos a passo, enquanto os outros 4 praticavam em pares. Quando eu os vi eu fiquei surpreso como faziam bem, sem terem tido os benefícios de um professor. O mais importante é um forte desejo de aprender, um bom material de aprendizado, e a oportunidade de ter um praticante gabaritado para checar periodicamente os progressos. Mesmo longe de circunstâncias ideiais, é possível fazer mais progresso do que as pessoas que moram no Japão, no Hombu Dojo, mas que lhes falta a atitude ideal.

- Algumas pessoas no ocidente resistem a pratica Aikido ou outra arte marcial porque eles pensam que podem estar indo contra suas crenças religiosas. Aikido tem sido influenciado pela religião Shintô, assim como pelo Budismo. È preciso a pessoa ter algum tipo de crença (religiosa) para praticar Aikido?
- Curvar-se em cumprimento é um costume oriental. O significado original disso é mostrar respeito. Nos não estamos divulgando ídolos ou praticando um culto religioso. Nós nos curvamos em respeito a um ideograma pintado – Ki – na parede frontal do dojo simplesmente porque isso representa nosso respeito ao universo. E nós nos curvamos para o instrutor e uns aos outros pelo mesmo motivo. O símbolo não é importante. Você saúda a bandeira para mostrar respeito a deus e a seu país, e para seus companheiros. Isso não é uma forma limitada de respeito, que é reservada para um ou outro. O importante é mostrar respeito a todas as formas de vida do universo.

Construindo uma ponte sobre o vácuo entre as gerações

- Como o senhor prepara seu filho para levar seu trabalho adiante, qual as diferenças e similaridades entre os desafios que ele irá enfrentar e os que o senhor enfrentou?
Meu filho, Shinichi, tem uma vantagem por estar sendo habilitado a começar estando sobre meus ombros. Ele não precisa começar do zero, ou juntar as partes (conhecimento) recebidas de um ou de outro. Outra diferença é que quando eu tinha sua idade o Japão estava em guerra. Nada estava à mão. Você precisa defender a si mesmo. Nada era obtido sem esforço, incluindo seu treinamento. Por outro lado, nada era claramente explicado, e havia muitos traços de tradição de difícil significado a desviar seu entendimento. Na sua geração, todas as coisas têm sido dadas em suas mãos, sem a necessidade de confusão. De qualquer modo, se ele tiver o mesmo nível de motivação, é possível a ele conquistar em 5 anos o que eu levei 20, simplesmente porque os ensinamentos foram refinados a um alto nível. Há uma menor necessidade de erros e acertos, sem precisar ir atrás de muitos falsos direcionamentos em treino.

Décima parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

Budo e Artes Performáticas

- O senhor tem comparado o Budo como arte marcial e o Budo como dança. O que as artes marciais e a dança têm em comum? Por que algumas pessoas são fotogênicas de qualquer ângulo?
- Tradicionalmente, no Japão, dança e artes marciais são consideradas uma coisa só. O ideograma é escrito diferente, mas a pronuncia é a mesma, Budo. Um mestre dançarino ou um ator preenchem o palco com a presença do Ki. Ele não olha a platéia, porque ele está completamente envolvido em tornar-se parte. Totalmente envolvido na apresentação ele esquece seu eu ordinário (cotidiano), e a audiência é cativada. Você só pode faze-lo se está com a mente e o corpo unificados. Quando você estende Ki você é fotogênico de qualquer ângulo. Esse é o equivalente visual de não ter qualquer abertura para ataques.

- Qual a diferença entre esportes e artes marciais?
- O mestre chinês Sun Tzu, que escreveu o clássico a Arte da Guerra, Falou de três modos de vencer. O modo inferior é vencer por meio da luta, enquanto o superior é vencer sem lutar. Muitos esportistas tomam o caminho descendente da vitória por meio da luta. Eles dizem que são esportistas, apesar de internamente acreditarem que vencer é mais importante que competir. Alguns artistas marciais praticam as artes marciais como se fossem esporte sem o esportismo (ideal do esporte). O caminho superior da vitória é vencer sem lutar. O real significado do ideograma Bu é “parar a espada”, para vencer abaixe as mãos, sem confronto. Como eu expliquei, essa é uma abordagem que tomamos nas competições de Taigi, e isso pode também funcionar na vida diária. Nós precisamos atentar aos fundamentos, e não praticar apenas pelo espetáculo.

- É preciso alcançar um alto grau no Aikido para poder utilizar o Ki em outros campos como a música, as artes performáticas, ou os negócios? Como o senhor pratica para tornar-se capaz de agir bem mesmo sob pressão?
- Unificar a mente e o corpo funciona no teatro e na dança, e em todas as artes performáticas. As pessoas têm problemas de performance quando elas praticam com uma atitude desleixada, e ainda ssim esperam ter os melhores resultados. Uma vez eu encontrei um mestre de flauta tradicional japonesa, Hyakunosuke Fukuhara, que me pediu para ensina-lo a unificar mente e corpo quando estivesse se apresentando. Eu pedi que ele segurasse a flauta como se eetivesse se apresentando, e quando eu inesperadamente o testei ele perdeu o equilíbrio. Ele me pediu para tentar novamente, e dessa vez ele sinceramente colocou-se no estado mental de uma apresentação no palco, mesmo que nesse momento ele não estivesse segurando uma flauta. Dessa vez ele passou no teste, ficando estável como uma árvore. Ele já sabia como unificar mente e corpo, mas conseguia faze-lo apenas quando estava seriamente focado na prática ou apresentação. Um verdadeiro mestre é alguém que pode faze-lo a qualquer momento. Sua apresentação no palco é realmente um reflexo de sua vida diária. É por isso que eu ensino meus estudantes a tratarem a espada de madeira como se ela fosse uma verdadeira espada, muito afiada. Se você pratica desse modo, enquanto quando o oponente utilizar uma espada real, você estará habilitado a encara-lo com calma como se fosse uma espada de madeira.

Nona parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

Crime e Justiça

- O que o senhor pensa de filmes do gênero Western e Samurai.?
- Eu gosto deles porque são de fácil entendimento, uma forma de puro entretenimento, um bom espetáculo. Nos antigos filmes de Samurai, você conseguia diferenciar os bons dos maus, diferente dos filmes modernos cujos enredos são pouco claros, onde os maus vencem e escapam sem que seus crimes tenham conseqüências. Eu também aprecio assistir filmes de samurai pelo mesmo motivo que gosto de Kabuki. Você pode dizer com um rápido olhar se as pessoas estão com e mente e corpo unificados, e isso é uma coisa bela e excitante de se ver nas pessoas. Se eles não o fazem, eu mudo de canal. Eu costumo assistir westerns do passado, mas não os de hoje. Os atuais possuem enredos implausíveis e personagens não convincentes. Os homens maus que estão detidos subitamente escapam sem nenhum esforço. Os heróis vencem apenas pela boa aparência!

- O senhor ensinou Ki-Aikido para a polícia, FBI, e Serviço Secreto. Como o senhor os ensinou a manter a calma e deter pessoas perigosas, ou alguém que está drogado e fora de controle?
- Se a pessoa é perigosa, está drogada ou fora de controle, a única coisa a se fazer é aprisiona-la a força. Eles estão temporariamente fora de si, então não faz sentido conversar a respeito de direitos humanos. Se eles estão colocando outras pessoas em risco, eles precisam ser detidos, e após voltarem a si, dialoga-se.

Os olhos como uma janela para a alma

- Em uma obra-prima como o retrato da Mona isa de Leonardo da Vinci, os olhos parecem seguir ou acompanhar você enquanto você se move pela sala. Eu tenho percebido o mesmo como a fotografia do senhor no Dojo. Como o senhor desenvolveu essa visão que abrange tão largo campo de visão?
- Isso é algo natural, como os nossos olhos refletem o que eles vêem. Quando voc~e encara algo, coloca tensão no rosto e comprime o foco. Olhos suaves (relaxados) mantém-se sobre tudo. Isso não é nada especial, apenas o resultado natural do olhar relaxado. Nos esportes as pessoas têm a idéia errada quendo lhes é dito para “manter os olhos na bola”. Esse é um bom modo de perde-la. Quando você relaxa seus olhos você pode ver de um modo amplo, e seu corpo faz o resto.

- O senhor fala da importância de ler rápido e amplamente para desenvolver flexibilidade mental. O senhor pode explicar melhor como fazer isso?
- É claro que é uma boa idéia fazer isso, e uma técnica fundamental que você pode aprender na escola. O problema hoje é que há muito mais livros do que antes, mas não tantos que são dignos de serem lidos. De fato, você ler todas as palavras da maioria dos livros é séria perda de tmepo. Leitura rápida, ou fazer uma varredura nas páginas com os olhos suaves é um bom modo de rapidamente absorver o conteúdo. Se isso realmente valer a pena, você pode voltar e ler novamente para absorver o que precisa.

- Como uma pessoa pode aprender a parar de fumar ou perder peso?
- Eu ensino um método que aprendi de meu professor Tempu Nakamura, descrito em detalhes em meu livro Ki in Daily Life (Ki na vida diária).A idéia básica é usar um espelho para dar a si mesmo uma forte afirmação antes de ir dormir. Isso mergulha no seu subconsciente e trabalha enquanto você dorme tanto quanto durante o dia, ajudando você a superar os maus hábitos pu formar hábitos melhores. Muitas pessoas tentam usando afirmações e não t~em sucesso porque eles usam palavras como “Eu estou ...” sem subconscientemente acreditar no que diz. É melhor olhar para o espelho e dar o comando a si mesmo como se estivesse falando com outra pessoa, “ você está...”. Para ter sucesso você também precisa persistir usando a técnica, não simplesmente desistir após uma ou duas tentativas. Toma tempo mudar hábitos subconscientes que se formaram durante anos. Você deveria fazer isso todas as noites antes de ir para a cama, e então ir direto deitar sem outras distrações. Fale a si mesmo no espelho, “Você odeia tabaco!”. Gradualemten esses pensamentos virão à sua mente todas as vezes que pegar um cigarro, e no devido tempo você irá perder o interesse. É importante focar na mudança de um hábito de cada vez. Para corrigir um hábito antigo pode levar até seis meses, mas freqüentemente demora menos. Não é fácil, como gostaríamos, quebrar um mau hábito. Gradualmente você assumirá melhor auto-controle, e poderá abandonar maus hábitos mais rapidamente, mesmo os mais críticos. Tentações não o carregam para todos os lados tão facilmente quando você usa sua vontade. Eu tive o hábito de fumar durante anos, mas quando eu decidi abandonar, eu me convenci que eu realmente não gostava daquilo, então foi fácil parar. A mesma abordagem funciona bem com outros hábitos.

Oitava parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

A medicina tradicional e abordagens alternativas de saúde

- Entre médicos, há um aumento de interesse no bem estar e na prevenção, e, na medicina, em drogas alternativas e cirurgia. Médicos são profissionais atarefados, e têm pouco tempo de estudar esse tipo de abordagem, e muito menos dizer qual deles são dignos de estudo. O que podemos fazer para ganhar reconhecimento entre médicos e profissionais de saúde em se tratando dos benefícios para a saúde do Ki e do Kiatsu?
- Se uma pessoa é tão ocupada ao ponto de deixar de fazer algo importante, então a primeira coisa que ele precisa aprender é relaxar. De fato, eles não são tão ocupados quanto pensam. Eles apenas se fazem sentir, agir e parece ocupados. Uma certa pessoa passou 20 minutos contando-me como ela era ocupada, e nesse tempo encheu meio cinzeiro, fumando um cigarro após o outro. Eu disse a ele que, se ele tinha tempo para fumar, então devia ter tempo para fazer coisas importantes. As pessoas perdem o senso do que é importante. Se mesmo os médicos estão sob tanto stress que eles não conseguem dormir a noite a não ser sob pílulas, então, definitivamente, é tempo de dar atenção a abordagens alternativas de saúde.

- O maior problema na América, hoje, são os litígios. Pessoas processando outras por motivos reais ou descontentamentos imaginários. E isso é um grande negócio para os advogados. Os dojos de artes marciais não estão imunes, e apólices de seguro não oferecem total proteção. Como o senhor protege a si mesmo no caso de ser processado?
- Primeiro de tudo, se o intreutor mantém total presença de espírito enquanto ensina, a maioria ou todos os acidentes no dojo podem ser evitados. Se as relações com os alunos são boas ele não será processado. Eu também recomendo que meus instrutores aprendam Kiatsu. Se um estudante se machuca, e o instrutor mostra os cuidados adequados, e eles resolvem o problema com Kiatsu, o estudante nunca irá mover processo. Problemas legais em geral são a superfície de problemas mais profundos. Eu tenho ouvido falar de pessoas que foram erroneamente processados dentro de sua vida profissional, e foram capazes de vencer o caso por meio de uma combinação de consciência limpa e senso de integridade mesmo sob pressão.

- A violência sempre fez parte da sociedade, mas recentemente tornou-se uma ameaça real nas escolas, com armas nas mãos de crianças com menos de 10 anos. O que os pais e professores podem fazer para se protegerem a si mesmo e as crianças?
- Primeiro de tudo, você está falando de um problema sério que é a facilidade com que as pessoas obtém uma arma, e deixam essas armas em locais de fácil acesso para as crianças. O maior benefício do treino para as crianças é o auto-controle e a auto-disciplina. Não há nada mais perigoso do que uma criança destemperada. Mesmo na Yakuza japonesa (Máfia), eles raramente machucam outras pessoas, mesmo se ocorrem ameaças, porque eles sabem o bastante, por meio da experiência, para considerar as conseqüências. Crianças não pensam nas conseqüências, e se eles perdem o controle, e perdem a paciência, eles são capazes de qualquer coisa. É melhor se as crianças e seus pais treinam juntos, desse modos todos entendem a importância do respeito mútuo.

Sétima parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

Artes Marciais na sociedade

Como envelhecer saudável e lúcido

- A população japonesa está envelhecendo rapidamente, assim como de outras nações industrializadas. Que tipo de futuro está sendo criado para nós, e o que podemos fazer de melhor para nos preparar?
- A melhor coisa a fazer para se preparar para o futuro é não adoecer. Não há melhor investimento que manter a saúde e a clareza mental. Muitas pessoas hoje estão ficando senis com 50 e 60 anos, logo após a aposentadoria. Isso decorre de uma vida passiva e sedentária. Por outro lado você vê muitas pessoas idosas que ainda estão trabalhando todos os dias, seja no seu jardim ou em sua comunidade. O caracter chinês para “trabalhar” (hataraku) é escrito com símbolos que significam “uma pessoa em movimento”. Nós precisamos nos manter em movimento, ou, como é dito, “use isso ou perca isso”. Se você é muito passivo e espera ser cuidado, corre o risco de encontrar-se em uma situação onde precise cuidar de alguém. . As pessoas comemoram quando alguém chega aos cem anos de idade, mas porque não seguir os passos dessa pessoa que chegou aos cem anos? O governo está tentando construir meios de facilitar a vida dos idosos. Essa é uma idéia errada. Pessoas idosas deveriam ser estimuladas a trabalhar e a fazer trabalho voluntário para permanecer ativas. O problema é que as pessoas não gostam de trabalhar se não forem pagas pra isso. Quem precisa de pagamento se o que você faz te ajuda e faz bem para os outros? Todos podem fazer algo para ajudar aos outros. Todos são bons em alguma coisa. Trabalhar é natural. Pessoas jovens deveriam desenvolver mais auto-disciplina, ou acabarão doentes e senis antes do tempo.

- Dois problemas que atormentam a sociedade de hoje são a Síndrome de Fatiga Crônica (SFC) e a Desordem de Déficit de Atenção (DDA). Elas são comumente tratadas com drogas. Há uma solução melhor?
- È um grande erro tratar esses problemas com drogas. Isso apenas esconde os sintomas e deixa o problema ficar pior estando oculto. O motivo para a fatiga e distração é que alguma coisa na atitude mental ou nos hábitos físicos está indo contra a natureza. Forçar alguém a agir de modo não natural fatalmente leva à fadiga. Você não pode resolver problemas com meios artificiais como drogas. Isso apenas piora a situação. O motivo porque crianças não se concentram é que os pais e professores não sabem como ensina-los a fazer isso, ou eles mesmos não se concentram. Falta de orientação e disciplina leva a problemas, que ficam mais difíceis de resolver com o passar do tempo.

Fukan-Zazengi - Regras Universais do Zazen, Dogen

- A ligação de Toihei sensei com a Linha de conhecimento de Tashu Yamaoka, conduz a certas práticas Zen. Para os interessados, este texto pode servir de ilustração. Lembrando sempre que Ki Aikido e Ki Society não guardam relações com religiões, credos ou crenças.

Fukan-Zazengi - Regras Universais do Zazen
(Manual de meditação do monge Eihei Dogen - Japão, 1200 - 1253 dC)

Agora, quando procuramos a fonte do Caminho, descobrimos que é universal e absoluta. Torna-se desnecessário distinguir entre prática e iluminação. O ensinamento supremo é livre, então por que deveríamos estudar os meios de atingi-lo? Sem dúvida, o Caminho está bem longe da delusão. Por que, então, preocupar-se com os meios de eliminá-la?
O Caminho está completamente presente onde você está, então qual a necessidade de prática e de iluminação? Contudo, se no início houver a menor diferença entre você e o Caminho, o resultado será uma separação maior do que aquela entre o céu e a terra.
Se surgir o menor pensamento dualista, você perderá sua mente-Buda. Por exemplo, algumas pessoas se orgulham de sua compreensão, e acreditam que estão ricamente dotadas com a sabedoria de Buda. Crêem que já alcançaram o Caminho, iluminaram suas mentes e conquistaram o poder de tocar os céus. Imaginam que estão andando no reino da iluminação. Mas o fato é que quase perderam o Caminho absoluto, que está além da própria iluminação.
Ainda se vêem as marcas daquele que por seis anos sentou-se erecto e se ouvem os ecos do Monte Shaolim onde por nove anos sentou-se de face para a parede aquele que transmitiu o selo da mente. Já que estes antigos sábios eram tão diligentes, como podem os praticantes dos dias atuais deixar de praticar zazen? Devemos parar de correr atrás de palavras e de letras e aprendermos a nos retirar e refletir sobre nós mesmos. Quando assim fazemos, nosso corpo e mente são naturalmente transcendidos, e nossa natureza-Buda original se manifesta. Se almejarmos realizar a sabedoria de Buda, devemos começar a praticar imediatamente.
Para fazer zazen, é desejável um local tranqüilo. Devemos ser moderados no comer e no beber, abandonando todo relacionamento deludido. Deixando tudo de lado, não pensemos nem no bem, nem no mal, nem no certo, nem no errado. Assim, tendo cessado a agitação da mente, abandonamos até mesmo a idéia de nos tornar Buda. Isto é verdadeiro não só para o zazen, mas para todas as nossas ações cotidianas, sem apego ao sentar ou ao deitar.
Geralmente, colocamos um acolchoado quadrado no chão, onde vamos sentar, e sobre ele uma almofada redonda. Podemos sentar na posição de lótus ou na de meio lótus. Na primeira, colocamos o pé direito sobre a coxa esquerda, e em seguida o pé esquerdo sobre a coxa direita. Na segunda, apenas colocamos o pé esquerdo sobre a coxa direita. As roupas devem ser folgadas, mas bem arrumadas. Em seguida, colocamos o dorso da mão direita sobre o pé esquerdo e o dorso da mão esquerda sobre a palma direita, com as pontas dos polegares se tocando levemente. Devemos nos sentar perfeitamente eretos, nem inclinados à direita, nem à esquerda, nem para frente, nem para trás. As orelhas devem estar alinhadas com os ombros e o nariz alinhado com o umbigo. A ponta da língua deve ser colocada no palato, os lábios e dentes devem ficar fechados. Mantendo os olhos entreabertos, respiramos suavemente pelas narinas. Finalmente, tendo regulado o corpo e a mente fazemos uma respiração profunda, movendo nosso corpo para a esquerda e para a direita e então, devemos ficar imóveis, sentados tão firmes quanto uma rocha. Existe o pensar, existe o não pensar e existe o inconcebível. Esta é a verdadeira base do zazen.
Zazen não é meditação passo a passo. É o portal do Darma da agradável tranqüilidade, é a prática e a realização da Iluminação, é tornar-se o "koan". A verdade aparece, não mais havendo delusão. Se compreendermos isto, estaremos completamente livres, como um dragão na água, ou um tigre recostado na montanha. O Darma Correto surge naturalmente e ficamos completamente livres de todo cansaço e confusão.
Ao terminarmos o zazen, devemos mover o corpo devagar e nos levantar com calma. Não devemos nos mover bruscamente.
Pela virtude do zazen, é possível transcender a diferença entre o comum e o sagrado e obter a capacidade de morrer sentado ou de pé. Além do mais, é impossível para nossa mente discriminatória compreender como os Budas e Ancestrais do Darma comunicaram a essência do Zen a seus discípulos, com o levantar de um dedo, com uma vara, jogando uma agulha ou batendo com o martelo de madeira; ou como eles transmitiram a iluminação com o levantar de um hossu, de um punho, de um bastão ou com um grito.
Tampouco, este assunto pode ser compreendido através de poderes sobrenaturais ou de uma visão dualista de prática e iluminação. Zazen é a prática além dos mundos subjetivos e objetivos, além do pensamento discriminatório. Assim, nenhuma discriminação deverá ser feita entre o inteligente e o não-inteligente. Praticar o Caminho com todo o respeito é, em si mesmo, iluminação. Não existe separação entre a prática e a iluminação, ou entre o zazen e a vida cotidiana.
Os Budas e Ancestrais do Dharma, tanto neste país, quanto na Índia e na China, todos preservaram cuidadosamente a mente-Buda e incentivaram assiduamente o treinamento Zen. Devemos, pois, nos dedicar exclusivamente, e sermos completamente absorvidos pela prática do zazen. Apesar da divulgação de inúmeras maneiras de se compreender o Budismo, devemos praticar somente o zazen. Não há motivo para abandonarmos nosso assento de meditação e fazermos viagens inúteis a outros países. Se nosso primeiro passo for errado, inevitavelmente tropeçaremos.
Já tivemos a boa fortuna de nascer com um corpo precioso, então, não devemos desperdiçar nosso tempo à toa. Agora que sabemos qual é a coisa mais importante no Budismo, como podemos ficar satisfeitos com o mundo transitório? Nossos corpos são como o orvalho sobre a relva, e nossas vidas como o clarão de um raio, que desaparece num instante.
Sinceros praticantes Zen, não se espantem com o Verdadeiro Dragão, nem gastem muito tempo inutilmente apalpando apenas uma pequena parte do elefante. Dediquem seus esforços ao caminho que leva diretamente à natureza-Buda. Respeitem aqueles que alcançaram o conhecimento completo, que estão sem intenção de intenção.
Tornem-se um com a sabedoria dos Budas e assim, sucessores legítimos da iluminação dos Ancestrais. Praticando desta maneira, certamente serão capazes de compreender tudo isto. Então, a casa do tesouro naturalmente se abrirá e vocês poderão se servir à vontade.


Monge Eihei Dogen

Diálogo da Árvore e da Pedra (Extraído do livro Musashi, de Eiji Yoshikawa)

Diálogo da Árvore e da Pedra

(Extraído do livro Musashi, de Eiji Yoshikawa, romance épico baseado diretamente na história japonesa, que narra um período da vida do mais famoso samurai de todos os tempos. Trata-se de um diálogo, entre o monge Zen Takuan e Musashi quando ainda era um aprendiz de samurai. Esse dialógo foi travado quando o monge consegui prender Musashi numa árvore.)

A noite vinha chegando. Contrastando com a anterior, a lua brilhava branca no céu sem nuvens. Quando todos no templo se aquietaram adormecidos, o monge, cansado dos livros, calçou as sandálias e saiu.
-Takezo! - chamou. Um leve frêmito agitou os ramos, no topo do velho cedro. Gotas de sereno caíram ao seu redor formando uma chuva tênue e brilhante.
- Pobrezinho, já nem tem forças para responder. Takezo, ei, Takezo! Na mesma hora, um berro possante se fez ouvir:
- Que quer, monge dos infernos? - Era a voz estrondosa de Takezo, cujo ânimo nada lograva abater.
- Ora, ora ... - disse o monge, elevando uma vez mais o olhar. Vejo que ainda não perdeu a voz. Nesse passo, creio que é capaz de durar mais cinco ou seis dias. E então? Está com fome, Takezo?
- Não me faça perder tempo com conversa fiada, bonzo. Ande logo, corte minha cabeça de um vez!
- Nada feito, não ouso cortá-la descuidadamente. Do jeito como você é atrevido, sua cabeça é capaz de pular e morder meu pescoço, mesmo depois de separada do corpo. Bem, vamos apreciar o luar.
Takuan sentou-se sobre um pedra próxima.
- Espere aí que já lhe mostro ... Concentrando toda a força do corpo, Takezo pôs-se a sacudir o galho em que se achava amarrado. Folhas e fragmentos de casca choveram sobre o rosto de Takuan. O monge os removeu, limpou os ombros e o peito, e voltou uma vez mais o rosto para o alto:
- Isso, assim é que se faz, gostei de ver! É preciso sentir raiva, muita raiva para que realmente venham à tona a verdadeira força e o caráter de uma pessoa. Nestes últimos tempos, anda na moda rotular de intelectual e magnânimo o indivíduo imperturbável, que oculta sua raiva. Que jovens se ponham a imitar tal atitude, supostamente adulta, constitui indizível absurdo. Gente jovem não deve conter a raiva. Tem de expô-la! Vamos, ranja os dentes, sinta raiva, muita raiva, Takezo!
- Ah, não perde por esperar, bonzo maldito! Eu ainda vou conseguir desgastar essas cordas e rompê-las, e então aterrisarei ao seu lado e o materei a pontapés!
- Palavras promissoras! Sinto-me orgulhoso! Até que isso aconteça, aqui permanecerei, à espera. Contudo, pense bem: até quando será capaz de agüentar? Sua vida não se terá acabado muito antes de a corda arrebentar?
- Como é?
- Céus, que força impressionante! Você está conseguindo balançar até a árvore! Mas veja a terra: nem se abala, reparou? Sabe por quê? Porque não há força em seu ódio - seu ódio é pequeno, é privado, tem origem em rancores pessoais. A indignação de um homem deve ser desprovida de interesses pessoais, devotada à causa pública. Encolerizar-se levado por mesquinhas emoções pessoais é histeria feminina.
- Continue tagarelando à vontade; já vai ver o que lhe acontecerá!
- Não adianta, Takezo, desista! Desse jeito, só vai conseguir consar-se. Por mais que se debata, nunca conseguirá abalar a terra - nem sequer partir esse galho.
- Maldição!
- Se empregasse toda essa energia a favor, já não diria da pátria, mas ao menos de terceiros, você conseguiria mover céus e terra, até mesmo os deuses, sem falar nos simples mortais! Nesse ponto, Takuan passou a usar o tom que empregava em seus sermões:
- É lamentável, lamentável! Nasceu de humanos, e no entanto é uma fera: e selvagem como uma fera, sem progredir um passo sequer em direção à condição humana, este jovem tão formoso está condenado a terminar seus dias.
- Cale a boca! - gritou Takezo. Lançou na direção do monge uma cusparada que se pulverizou antes de atingir o solo.
- Agora escute, Takezo, preste atenção: sua força física tornou-o bastante presunçoso, não é verdade? Acreditava não haver no mundo ninguém mais forte que você, estou certo ou não? E agora, que tem a dizer do seu atual estado?
- Você não me derrotou pela força: nada tenho de que me envergonhar.
- Não importa se fiz uso de expedientes ou de palavras, o fato é que o derrotei. Prova disso é que, por mais que se mortifique, aqui estou sentado numa pedra como vencedor e você exibe sua triste figura, dependurado num galho de árvore. Tem idéia do que provocou esta situação?
- ...
- Se considerarmos apenas a força física, você é mais forte do que eu, tem toda a razão. Um homem não pode lutar com as mãos limpas contra um tigre, é claro. Mas um tigre é sempre um tigre, um animal inferior ao homem, não se esqueça.
- ...
- O mesmo se dá com a sua coragem: todas as suas ações, até agora, demonstraram temeridade, uma falsa coragem que deriva da ignorância. Não são atos de um ser humano, nada têm a ver com a verdadeira força de um bushi. O homem, o verdadeiro bravo, teme o que tem de ser temido, poupa e resguarda a vida - esta pérola preciosa - e procura morrer por uma causa digna. Percebe agora o que há de tão lamentável em tudo isso? Você veio ao mundo possuindo força física e firmeza de caráter, mas é inculto - aprendeu apenas o lado sombrio da arte guerreira, não procurou cultivar a sabedoria e a virtude. "Aperfeiçoar-se no duplo caminho das letras e das armas" - conhece a expressão? Mas que significa "duplo caminho"? Sem dúvida não significa que dois são os caminhos a serem percorridos em busca do aperfeiçoamento; significa, isto sim, que os dois caminhos, das letras e das armas, estão juntos e perfazem um único caminho. Compreendeu, Takezo? Calou-se a voz sobre a pedra, nada mais disse o vulto sob a árvore. A noite permaneceu negra e serena. Por instantes, reinou o silêncio.

Eiji Yoshikawa

Para ler o texto no site do qual foi extraído, por favor clique no link Budismo simples.

Sexta parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

- Pode o senhor explicar o termo ma-ai e como ele está relacionado ao respeito nas relações humanas?
- Nas artes marciais, ma-ai é a distância segura na qual um atacante não pode facilmente alcançar você, seja com as mãos ou com os pés. Eu encontro muitas pessoas que fácil demais entram em outros locais (estranhos), pondo a si mesmos em risco; mesmo policiais que deveriam saber melhor (a não agir desse modo). Se você se mantém na distância correta, você ainda tem tempo de se afastar do ataque ou desarmar o atacante. Mas se você se coloca perto demais, você não pode nem se defender de um bebê querendo arranhar seu rosto. Na vida diária, manter ma-ai significa não machucar ou injuriar outra pessoa, seja com palavras ou atos. Mesmo que você pense estar em bons termos com seu vizinho atualmente, se você remover a cerca entre suas casas, isso irá causar problemas. Boas cercas fazem bons vizinhos. Ma-ai significa respeitar o espaço e a propriedade de outros. De qualquer modo, se você esquece a mente e segue apenas a forma, tudo o que você tem é um ritual vazio. Estudantes devem mostrar respeito aos seus professores atentando às melhores coisas que podem aprender dessas pessoas. Qualquer um tem algo a oferecer. Mesmo assim, muitas pessoas tendem a olhar para os pontos negativos e são rápidos em criticar, não mostrando respeito. As pessoas, hoje em dia, pensam Eu primeiro, e esquecem as outras pessoas. Esse é um erro fundamental. Respeito mútuo é o único caminho.

- O senhor diz que americanos são muito bons em perguntar o porquê, ainda que não pratiquem; e os japoneses são muito bons na prática, ainda que não questionem. Como podemos ter o melhor de ambos os comportamentos?
- Eu não tenho passado muito tempo na América recentemente, então eu não posso dizer se isso mudou, mas os japoneses, definitivamente, ficaram pior. Eles ainda não perguntam o porquê, mas agora eles também não praticam. No passado eles trabalhavam muito arduamente, mas agora os japoneses ficaram preguiçosos. Eles esperam que as coisas sejam feitas para eles. Há um livro publicados anos atrás comparando os japoneses e os judeus, como eles trabalhavam duro e tinham sucesso nos negócios. Na Europa me disseram que havia um grupo no mundo que era amplamente não apreciado. Quem? O japonês! Nada surpreendente quando você observa nossos políticos, que parecem estar trabalhando mais por si mesmo do que pelas pessoas que representam.

- Muitas coisas hoje em dia são impossíveis de serem entendidas ou operadas sem um manual, tanto que muitos jovens japoneses são tão dependentes de manuais que eles não conseguem pensar ou tomar decisões sem os manuais. Como o senhor ensina as pessoas a aplicar as regras de flexibilidade?
- Apenas os fundamentos podem ser escritos em um manual. Você não precisa muita explicação, apenas dar direções claras sobre como fazer algo. Pessoas que estão mais interessadas em explicar do que fazer freqüentemente são inábeis a ensinar como fazer simples tarefas. Eu ouvi histórias sobre algumas pessoas em Mauí que foram mandadas para fixar alguns pregos em suportes para escorar um pilar. Eles fizeram como foi ordenado, mas ninguém mostrou como fazer, e o pilar ficou reto e firme após eles terminarem o serviço. Sendo que os pregos não tinham alcançado o outro lado! O mais importante nos treinos é fazer as pessoas agirem. Nós aprendemos melhor fazendo do que lendo um livro.

Meditação Ki (Ishi-ho)

Fazem parte do processo de desenvolvimento de Ki a Respiração Ki e a Meditação Ki. Conheça um pouco mais clicando no título.

Quinta parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

Respeito por todas as coisas

- O senhor diz que tudo é feito de Ki, e que quando o Ki circula livre nós estamos em um estado de boa saúde. Objetos e nossas outras posses têm Ki, tomando o mesmo sentido?
- Claro que o Ki circula por todas as coisas. Isso é porque devemos tratar com cuidado de nossas posses. Nesse sentido tudo está vivo, não apenas animais e plantas. As coisas estão vivas e elas são definitivamente afetadas pelo modo como as tratamos. Nós desperdiçamos demais. Deveríamos ter mais cuidado com nossas posses. Nós jogamos as coisas antes de fazer qualquer esforço no sentido de repara-las, reciclar, reutilizar, e cuidar para que durem mais. Um princípio fundamental das artes marciais é tratar as coisas e as pessoas com respeito.

- Qual o segredo para se fazer um bom Kiai?
- Kiai é apenas uma palavra inventadas pelos artistas marciais para o grito focado usados em técnicas de artes marciais. O significado real é estender Ki positivo em tudo o que você faz. Ki de verdade pode ser silencioso, pensando de modo positivo e sendo consciente em suas ações. Mesmo se uma pessoa está atacando você, se você estende um forte Ki, isso envia um poderoso sinal subconsciente dizendo que não há local para outro ataque. Se os pais sempre pensam em como ajudar suas crianças a serem melhor, isso também é Kiai. Quando as crianças se comportam mal, os pais deveriam refletir sobre si mesmos. Eventualmente isso significa que as crianças precisam de mais cuidado, mais Kiai.

- O senhor diz que tem o hábito de sorrir quando está com problemas. O senhor vira a mesa de seu oponente por meio de um ponto de vista positivo de oportunidade, ao invés de um ponto de vista negativo de limitações. Seu caminho de ver as coisas é o oposto das pessoas comuns. Como o senhor desenvolveu esse modo de pensar?
- Nós nascemos em um mundo relativo, um mundo de opostos. Nós vemos as coisas em preto e branco, e esquecemos os tons de cinza. As conexões entre as coisas não são sempre óbvias. Ao contrário das aparências, Galileu disse que a terra move-se ao redor do sol, e é claro que ele estava certo. É fácil seguir cair em determinado modo de pensar quando se está feliz e quando as coisas vão bem, e do mesmo modo, ficar bravo, quando não se segue o próprio caminho. Você vê as coisas diferentes quando se lembra que sob tudo isso, todas as coisas estão conectadas com o Ki, e não temos que ficar bravos com as pequenas mudanças.

- O Aikido leva anos e anos para ser aprendido. As pessoas se espantam ao descobrir quanto tempo leva para aprender a “defenderem-se” usando Aikido. O que pode o estudante aprender nos dojos, que eles podem aplicar imediatamente na vida diária?
- O propósito final do Aikido não é aprender técnicas, mas aprender como unificar mente e corpo. Se não se pode controlar a própria mente, como você pode controlar seu corpo? Se você aplica os princípios do Ki corretamente, você pode facilmente fazer Aikido. O motivo pelo qual o Aikido leva tanto tempo para ser aprendido é que as pessoas se esquecem de aplicar os princípios. Nós também temos mals hábitos a superar. Eu não promovo facilmente as pessoas à shodan porque as pessoas precisam aprender a unificar mente e corpo para algum tempo depois eles serem promovidos. Você pode ser capaz de enganar outras pessoas, mas você sabe o que pode e o que não pode fazer. Não existe isso de crime perfeito porque você não é capaz de enganar o universo. As pessoas pensam que podem escapar violando as leis da natureza, mas como é dito, “ o que vai, volta”. Um dos mal hábitos de minha juventude era beber demais. Eu era jovem e forte o bastante que eu pensava que poderia ir adiante daquele modo, mas os excessos eventualmente o alcançam. Meu médico diz que um copo de vinho por dia faz bem à saúde, então eu ainda aproveito o álcool, mas excessos podem arruinar a saúde. Muitas pessoas jovens, atualmente, pensam que podem abusar ou negligenciar seus corpos sem nenhuma conseqüência. O tempo irá responder.
A falta de respeito é um grande problema nas escolas e famílias atualmente.

quinta-feira, junho 01, 2006

Pontos a observar no uso da espada

Ao manusear a espada ou bokken, há pontos que devem ser observados. Clique nos links para informar-se desses pontos chaves:
Kengi

Kiru

Kusshin

Kengi 1

Quarta parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

Terapia Kiatsu

- O senhor desenvolveu o Método de Cura com Ki chamado terapia Kiatsu . Qual a diferença do Kiatsu para o Shiatsu e de outras formas de massagem orientais?
- A maior diferença é ser baseado em princípios de Ki ou não. Se você insiste em fazer as coisas contra os princípios da Natureza, você vai acabar ficando exausto ou doente. O maior erro da maioria das pessoas é assumir que o terapeuto é quem vai curar o paciente. Mesmo os médicos tendem a esquecer da força vital quando tratam dos pacientes. É a energia vital dos próprios pacientes que os cura, e o que todo terapeuta faz é estimular o fluxo de Ki, que vai curar o paciente. Quando a pessoa está fraca ela precisa de ajuda. O Kiatsu pode ajuda-los a ficar sobre os próprios pés. De qualquer modo, a pessoa irá alcançar melhores resultados se eles tomarem a responsabilidade de sua própria saúde mental e física. Uma larga porcentagem das doenças são causadas pelo agravamento do stress. A melhor coisa que você pode fazer para a sua saúde é aprender como relaxar e desenvolver um Ki forte.

Definição de Ki

- A marca e o princípio central da Ki Society é o Ki. O senhor poderia explicar o Ki para uma criança?
- Ki é uma palavra japonesa que descreve a energia natural do universo. Nós podemos experimentar isso diretamente como nossa força vital, Que nos mantém saudáveis e felizes. Em japonês, a palavra “ikiteru” significa estar vivo, “iki o shiteru” significa respirar, e e mesmo que os caracteres sejam diferentes, ambos contém o som Ki. Originalmente a língua japonesa não tinha um sistema de escrita, e nós adaptamos o sistema de escrita chinês para a nossa linguagem. O caracter para Ki é chinês, mas originalmente a palavra Ki existe em japonês antes do caracter ser adotado. Em minha primeira visita ao Havaí, em 1953, eu perguntei aos meus estudantes se eles tinham uma palavra equivalente em inglês. Eles procuraram no dicionário e não puderam vir com uma, então eles começaram a usar a palavra japonesa Ki, e hoje todos a usam. Crianças reconhecem isso instintivamente. São os adultos que querem que seja definido em palavras.

Benefícios de treinar Ki-Aikido

- De que modos treinar Ki-Aikido protege a saúde e promove o bem estar físico?
- Nós falamos sobre Ki como uma energia que circula livremente entre nosso corpo e o universo. Uma pessoa saudável é chamada “genki”, tendo um Ki forte. Se o seu corpo está desordenado com stress e tensão, isso irá afetar de modo negativo a sua saúde. Aikido é um balanceado exercício para todo o corpo que mantém a juventude e a forma física, tnato quanto é um excelente modo de desenvolver um Ki forte.

O maior mal entendido quanto ao Ki

- Qual é o maior mal entendido quando se trata de Ki?
- O maior erro é pensar que o Ki é algo mágico ou sobrenatural. De fato, o Ki é uma coisa natural como o ar e a água. Algumas pessoas ensinam como eles podem “usar o Ki” para fazer pessoas cair sem que sejam tocadas, mas isso tende a funcionar apenas entre estudantes e alunos. Eu ensino as pessoas a serem naturais, e nada mais que isso. Eu faço demonstrações quando ensino, que algumas pessoas podem considerar extraordinárias, como deixar seu corpo não erguível mesmo por várias pessoas fortes, ou estar tão equilibrada que ninguém consegue tira-lo do lugar. De qualquer modo, nenhuma dessas coisas é sobrenatural, e todos os meus estudantes são capazes de faze-los. Isso não requer um assistente que irá cooperar para que o truque funcione. Esse é o motivo pelo qual eu sempre chamo pessoas da platéia, quem eu nunca vi antes, para as demonstrações. Pessoas que assistem sem entender podem chamar de sobrenatural, mas eu nunca me promovi com esse termo.
Muitas pessoas assumem como fato que se alguém empurrar seus corpos, não há outra escolha que não seja mover-se ou aceitar. De fato, se você está relaxado e unificado mente e corpo é relativamente fácil redirecionar a força que vem para o ponto Um (Itten) e tornar-se estável como uma rocha, mesmo se vários homens fortes tentarem empurra-lo. A mesma coisa acontece quando recebem pressão mental. Eles se convencem que estão exaustos e literalmente levam a si mesmos, por meio de discurso, a um estado de exaustão. Isso só é natural porque a mente segue o corpo. Esse é o motivo porque eu não permito que meus estudantes ou crianças usem palavras negativas. Isso é pedir por problemas. As pessoas jovens, hoje em dia, têm o mal hábito de dar desculpas. “Sim, mas…”, “Eu não posso”. Como você pode dizer que não pode sem ao menos tentar uma vez? Se você pensa que alguma coisa é difícil, a coisa mais importante a fazer é achar uma solução, não simplesmente desistir. Por que se convencer que se está encurralado? Muitas pessoas desistem ao primeiro sinal de oposição.

quarta-feira, maio 31, 2006

Como lidar com parceiros fortes e com muito Ki

Clique no título e veja como resolver uma questão comum em treinos não apenas de Aikido.

Terceira parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

Competição de Taigi

- O senhor estabeleceu um sistema de competição no estilo olímpico, único no Aikido, usando as artes do Taigi. Qual é o motivo de fazer isso, e qual é seu propósito final com as competições de Taigi?
- Ueshiba sensei ensinou que o Aikido é baseado no não conflito, e por causa disso ele baniu as competições do Aikido. No entanto, se o não conflito e mal interpretado isso pode levar como fugir dos problemas, escapar. O ponto verdadeiro disso é que, ante um conflito quem está realmente relaxado é o mais forte. Nas competições comuns você coloca tensão contra tensão, e o mais forte vence. Mas o vencedor de hoje encontra seu algoz amanhã. Ninguém é invencível. Na verdade, o Aikido não coloca tensão (força) contra tensão, ele supera a tensão coordenando (harmonizando) e conduzindo. De fato, se você nunca testar seu conhecimento em competições, como vai saber se desse modo funciona ou não? Competições comuns tornam possível às pessoas praticarem sob condições seguras ou “fixas”, mas com o risco de desenvolverem mals hábitos que não irão ajuda-las nas ruas, quando o atacante não estiver seguindo as mesmas regras. O real significado do não conflito é relaxar em face do perigo, respeitar o Ki do oponente e liderar rumo a uma conclusão sem danos.
A competição de Taigi não é uma oportunidade de ver quem é mais forte, mas testar-se, demonstrar, e performar as artes do Aikido, frente a uma audiência e juízes que julgarão de acordo com critérios definidos. A coisa mais popular que estamos observando é Fudoshin (estabilidade, equilíbrio), Modulação e Ritmo, e expansão de Ki (amplitude, beleza). Há dezenas de outros critérios que dizem respeito especificamente a técnica, mas há aqueles mais importantes. Seus hábitos durante a prática diária ficam muito claros sob a pressão de uma competição de Taigi. Mas isso é um tanto diferente de uma luta de competição.
Se você lidera (conduz) uma pessoa para onde ele quer ir, ele o seguira satisfeito.Se o faz para seu benefício, ele não irá resistir. Mas se você egoisticamente deixa os outros para trás, é claro que eles irão resistir e você terá conflitos. Esse é um problema atual, com todos ensimesmados, sem se preocupar com as conseqüências de seus atos para os outros e para o meio-ambiente. Esse é o resultado de centenas de anos de materialismo, que colocou o corpo antes da mente. Os 5 princípios do Shin Shin Toitsu Aikido também aplica de modo direto a arte de liderar (conduzir) pessoas. O Ki está estendido, Conheça a mente de seu oponente, Respeito mo Ki de seu oponente, Coloque-se no lugar de seu oponente, e Lidere com confiança. Nós mostras isso passo a passo no modo como ensinamos cada arte do Aikido; mas isso funciona do mesmo modo para negócios ou vendas. Se os executivos das companhias fazem desse modo, os empregados irão trabalhar felizes e arduamente. E é do mesmo modo para os pais e professores. O propósito primário do Aikido é treinar e desenvolver Ki e a competição de Taigi dá a oportunidade de testar e demonstrar isso em alto nível.

Katatedori tenkan kokyu nage (kaisho)

Clique no título e leia explicação detalhada da técnica.

Segunda parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

- O senhor pode nos explicar o processo que o levou às artes de Aikido e o desenvolvimento do sistema de exercícios de Aiki, exercícios para saúde, e mais recentemente o exercício rítmico de unificação (Oneness), e como todos eles estão relacionados com Aikido?
- Após minha primeira viagem ao Hawaí, em 1953, eu voltei muitas vezes para ensinar em cada uma das ilhas, tanto quanto na ilha principal. Quando eu retornava ao dojo, muitas vezes encontrava as pessoas sem lembrar ou concordar com aquilo que eu tinha ensinado anteriormente. Isso me fez parecer que muitas das artes do Aikido eram muito difíceis de serem feitas, particularmente quando trabalhadas com diferentes parceiros. Então eu criei e ensinei uma série de Aiki Taissô, ou exercícios que você poderia fazer sozinho, usando moviemntos básicos das técnicas de Aikido. Isso fez as técnicas fáceis de serem lembradas, especialmente por todas aquelas pessoas que vinhas às minhas aulas, jovens e idosos. Se você pratica algo durante tempo o bastante, você irá lembrar. NO entanto, poucas pessoas tinha tempo para devotar-se unicamente ao aprendizado de Aikido. Incomodava-me que mesmo aqueles exercícios não eram o bastante para as pessoas manterem as lembranças (do que havia sido ensinado) entre as minhas visitas. Eles podiam fazer correto enquanto eu estava lá, mas com o passar do tempo eu vi que na óutra vez (visita seguinte) eles já tinham perdido aquilo (que ensinei). Aquilo simplesmente não se fixava (não ficava na mmemória). Então me ocorreu o que eu estava deixando passar. Se o segredo é que a mente move o corpo, então seguir só pelo movimento do corpo não é o bastante. Para resolver esse problema eu cvoloquei pessoas tentando fazer o mesmo movimento em cada exercício duas vezes, e surpreendentemente isso funcionou cada vez. Mesmo os iniciantes eram capazes de coordenar mente e corpo, e ser muito estáveis quando testados após fazerem o mesmo movimento duas vezes. No primeiro movimento a menta não estava totalmente direcionada para a ação; mas no segundo movimento a mente e o corpo estavam unificados. Uma vez perdida, na segunda vez encontrada. Minha esposa insistiu que eu tinha desenvolvido isso como um exercício rotineiro que poderia ser feito com música, chamando-o de Onenees Rizumuu Taissô - Exercício Rítmico de Unificação. Mesmo hoje em dia alguns de meus alunos não são capazes de entendê-lo, pensando que é um exercício substituto para pessoas que não praticam Aikido. De fato, é realmente um atalho para implementar o Aikido. O exercício treina-o a relaxar e manter o ritmo correto, o qual é a chave para fazer do Aikido uma técnica efetiva. Esse é o motivo porque nós requeremos a todos os estudantes que aprendam-no antes do teste de shodan. Você não precisa convencer ninguém, com palavras. Fazendo um teste de Ki antes e depois, você pode ver por você mesmo como funciona bem.

- Como o passar do tempo, o senhor fez muitas mudanças nas artes do Aikido. Mudanças importantes no modo de arremessar ou como fazer as chaves de articulação, isso para torná-las mais consistentes (de acordo) com os princípios do Ki. Pode uma pessoa que pratica outro estilo de Aikido, ou mesmo outra arte marcial como Judô ou Karatê, aplicar os princípios do Ki nas técnicas as quais eles têm sido ensinados?
- Claro que os pricípios do Ki podem ser aplicados em qualquer arte marcial, mesmo em qualquer esporte, dança ou outra forma de exercício. Há quatro princípios básicos: Mnatenha o ponto Um, Relaxe completamente, Mantenha o peso embaixo, Extenda Ki. Nenhum deles é restrito ao Aikido, e, de fato, todos eles podem ser aplicados para qualquer coisa que você faça no dia a dia. Eu ensinei esses princípios básicos para o profissional de baseball Sadaharu Oh, e ele quebrou o recorde mundial de home runs. Os princípios básicos do universo aplicam-se para tudo o que você faça. O motivo porque as pessoas obtém resultados fracos é porque tentam ir contra os princípios da natureza. Se você lembrar dos princípios e aplicá-los subconscientemente, eles trabalharam para você todas as vezes. No entanto, as pessoas têm o mal hábito de esquecer os fundamentos tão logo façam algum progresso. Esse é o motivo porque você deve se manter treinando.

terça-feira, maio 30, 2006

Primeira parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

William Reed conduziu a seguinte entrevista com Koichi Tohei sensei, com a participação de seu filho e sucessor Shinichi Tohei (Waka Sensei), em 19 de maio de 2000. A entrevista foi feita em japonês e traduzida para o inglês por William Reed, com a aprovação de Tohei Sensei. TRadução em português de Wilson Hideki Sagae.

Seu livro "Ki no Kakuritsu" é uma biografia pessoal contando o que o senhor aprendeu de seus 3 principais professores. O que o senhor ensina na KI Society atualmente vêem do que foi aprendido, mas é diferente do que seus professores ensinavam. O que foi a coisa mais importante que o senhor aprendeu de cada um deles, e como o senhor os coloca dentro de uma nova constelação?
Meu primeiro professor foi Tetsuju Ogura, um estudante de espada do período Meiji, seguidor do mestre Tesshu Yamaoka. O treinamento envolvia um treinamento rigoroso de Misogi -respiração e cantos, assim como longas horas de meditação Zen. Tesshu foi um homem cuja vida inteira foi baseada na idéia de que uma vez que você decida aprender algo, você deve testar esse conhecimento em ação. Testar cada teoria por meio da experiência, e por meio da experiência você aprende a absorver o que é bom e rejeitar o que é ruim. Todas as coisas que eu ensino atualmente foram desenvolvidas a partir de provas experimentais, minhas ou de meus alunos.
Eu estudei Aikido com Morihei Ueshiba, uma vez mais fazendo tudo e questionando depois. Ueshiba sensei foi um grande mestre de Ki, tanto quanto o fundador do Aikido. Ele também foi um devotado seguidor da religião Omotô, e isso influenciou o modo como ele ensinou o Aikido. Muitas vezes era impossível entender suas explanações esotéricas. Eu treinei rogorosamente em todos os exercício que ele nos propunha, apesar de muitos virem da religião Omoto, e não fazerem sentido para nós. Por exemplo: era esperado que nós recitássemos o alfabeto em uma ordem diferente. Ao invés de dizer as vogais do japonês "AIUEO" era mandado que nós as repetíssemos "AOUEI", como se essa nova sequencia tivesse um profundo significado. Ele nos dizia que nós deíamos nos tornar um com o Ki do céu, mas não como nós deveríamos fazer isso. Você podia aprender muito mais observando-o fazer Aikido do que ouvindo suas explanações a respeito. A coisa mais essencial que eu aprendi de Ueshiba sensei foi como relaxar. Ele estava sempre relaxado frente aos conflitos, e esse é o motivo porque o Aikido é tão forte. Ele podia fazer desse modo, mas ele encorajava seus jovens alunos e segurá-lo o mais forte possível. No Aikido, se você não está relaxado, você não pode arremessar as pessoas. Parecia-nos um mistério que Ueshiba sensei podia nos arremessar, podia sempre escapar de nossas pegadas. Ele podia liderar nosso seu Ki, e podia sempre arremessar seu oponente na direção que ele estava originalmente indo. Eu comecei a progredir rapidamente depois que eu comecei a copiar esse modo de agir e prestar menos atenção no que ele dizia. Eu acabei mantendo algo perto de 30% das técnicas que aprendo de Ueshiba sensei, mudando ou abandonando o resto. O que eu realmente aprendi dele não foram as técnicas, mas a verdade secreta do Aikido: não conflito; não resistir à força do oponente mas usá-la.
Depois da I Grande Guerra eu estudei com Tempu Nakamura, um bem conhecido mestre de Yoga e psicologista que ensinava que a mente lidera o corpo. Eu vi isso acontecer na frente de batalha. Quando estávamos sob fogo ninguém reclamava de problemas de estômago, mas uma vez que alcançávamos local seguro as pessoas começavam a distrair-se e começavam a adoecer. O estado mental de sentir-se seguro pode levar ao adoecimento. Nakamura sensei ensinou que a mente move o corpo ajudando-me a entender o princípio essencial do Aikido, e por esse motivo é que eu chamei minha forma de arte de Aikido com Mente e Corpo Coordenados (Shin Shin Toitsu Aikido), agora popularmente conhecido no ocidente como Ki-Aikidô. Eu diligentemente experimentei tudo o que Nakamura sensei me ensinou. Como resultado, da experiência que eu aprendi que algumas coisas funcionam e outras não. Uma técnica que não funciona é a técnica de meditação que ele ensinava, vinda do Yoga, chamada Kumbahaka. Ela envolve tensionar o ânus, pondo força no baixo abdômen, amaciando o plexo solar, deixando os ombros caírem, mantendo as orelhas alinhadas com os ombros e mantendo os lábios pressionados contra os dentes. Esse era um modo exagerado e estranho modo de tentar explicar como seria a postura natural. Nakamura sensei, ele mesmo, não fazia isso, mas esse era o modo como ele explicava. Muitos métodos orientais antigos usam expressões exageradas para explicar o estado natural original, e acabam produzindo resultados completamente errados. Mas eu testei a fundo para aprender da experiência. Eu descobri que se eu fizesse Kumbahaka enquanto estivesse plantando eu desenvolveria dores nas costas, se eu fizesse enquanto estivesse caminhando eu ficaria exausto, e se eu fizesse enquanto praticava Aikido nenhuma das técnicas funcionavam. A coisa mais importante é "como fazer", não o que dizer. Seguin do os princípios naturais, e fazendo como Nakamura sensei fazia, não como ele ensinava, eu aprendi como fazer as coisas corretamente e de modo consistente. Ele ficou sabendo disso e me perguntou o que eu estava fazendo. Eu disse a ele que eu estava fazendo Kumbahaka. Ele soube disso e procuroiu saber como eu estava fazendo. Eu mostrei a ele que todas as vezes que seus estudantes antigos eram facilmente empurrados era por causa da tensão criada em seus corpos por tentarem seguir aquelas instruções complicadas. Em seus últimos anos ele mudou o modo de explicar, mas depois que ele morreu seus estudantes voltaram às velhas explicações, agora não estão melhor do que eram então.

Método de ginástica Noguchi (por que relaxar)

por Mariko Yoshida

O Método de Ginástica Noguchi, desenvolvido por Michizo Noguchi -(1914-1998)na década de 1970, tem sido influente no mundo do Teatro, Dança, arte e música, como um único e efetivo sistema de treino de relaxamento. Seus exercícios físicos foram desenvolvidos sob a noção radical de que "o corpo humano é um tipo de saco de água no qual osso, músculos e vísceras estão flutuando" (Noguchi 2002, p. 7). Um kanji, um ideograma chinês, que é usado no título do livro Asking your body (2002), representa a ideal essencial de corpo de Noguchi. A palavra japonesa para "asking" (questionando) é "kiku", mas o ideograma que ele aplica para esse verbo é muito antigo, originalmente vindo de antigas inscrições chinesas feitas sobre ossos de animais, e raramente usadas no Japão moderno. De acordo com a nota escrita por Noguchi do porque da utilização desse ideograma específico, é porque originalmete ele significa a ação de questionar a deus, usando tesouros sagrados e utensílios rituais. Para Noguchi, o corpo humano é sinônimo de "natureza" e "deus". Ele declara que seu método é sobre a auto-consciência questionando a ele/ela corpo=natureza= o deus. Questionar seu corpo é quiestionar seu deus o que é melhor para você. Você poderia receber uma resposta do seu deus sobre o melhor movimento que seria mais efetivo e de mais ajuda. A palavra "corpo" pode ser trocado por "mente" e elas são intercabiáveis (Noguchi, 2002, p. 7), advoga Noguchi. Ele enfatiza a harmonia de corpo e mente, e previne do perigo de por uma vontade muito forte, consciente esforço e tensão excessiva ao treinar os músculos. Ele argumenta que esse ato é "contra a filosofia da natureza" e que "ignora o deus da natureza", e que está claro que agir desse modo causa danos ao ser humano que é parte da natureza. O corpo é a grande herança de nossos ancestrais e o corpo é um trabalho especial do deus da criação, sendo que deus concretamente representa um milagre de ordem natural (Noguchi 2002, p. 83). Para acreditar na mensagem que seu corpo transporta para você e para encontrar as palavras que poderias ser aplicadas a essas mensagens temos o método Noguchi de ginástica, que foi inovador no mundo da ginástica, isso pelos idos da década de 1970.

Texto original, em inglês: Awareness of Body in Language Education through Drama

O encontro de Kenshiro Abe e Ueshiba O-sensei

Cansado de viajar e vislumbrando um trabalho difícil adiante, o jovem rapaz procurou um lugar para sentar naquele trem lotado. Acomodando-se perto daquele senhor franzino, sentou-se na parte de trás e lateral do vagão.
"Não lhe conheço?", perguntou o senhor próximo a ele. Suspirando, o rapaz olhou para a cara enrugada daquele sujeito e respondeu: "Eu acho que não". "Engraçado, tenho certeza de que eu o conheço", retrucou o senhor. "Qual o seu nome?". O rapaz levantou-se e olhou seu novo companheiro de viagem mais diretamente. Dessa vez, com olhar ameaçador, ele anunciou com orgulho e arrogância: "Meu nome é Kenshiro Abbe, campeão japonês de Judô". O senhor sorriu. "Ah, sim! Eu sabia que já tinha visto você antes". "Por favor, você pode ficar quieto", pediu Abbe, retornando ao seu lugar. "Eu tenho uma competição amanhã e preciso descansar". "Claro", disse o senhor. Mas, enquanto o trem seguia viagem pela estrada de ferro entrecortado pelo vento, e com o balanço que lhe é peculiar, o sujeito continuou tagarelando incessantemente. Até que, finalmente, Abbe levantou-se novamente e o encarou. "Cala essa boca, velho! Eu preciso dormir". "Se eu sou só um velho e você esse tal campeão de Judô que você diz ser, talvez você possa quebrar o meu dedo. Eu fico quieto se você quebrar o meu dedinho", disse o velho. Achando que se o fizesse ficaria livre do velho, o rapaz verificou o dedo que lhe havia sido ofertado. Cansado e irritado, ele agarrou o dedo do velho e torceu para quebrá-lo. O que se seguiu não foi o estalo curto e seco de um dedo sendo quebrado. Ao contrário, o que se viu foi um rapaz voando, caindo estatelado no chão daquele vagão e expelindo todo ar contido nos seus pulmões. E o pior, ele foi imobilizado. Depois de alguns instantes, o velho o libertou. "Quem é você?", perguntou Abbe, maravilhado.
"Eu sou Morihei Ueshiba, fundador do Aikido". Abbe, ainda no chão do vagão, curvou-se para ele e perguntou se ele poderia ir ao seu dojô (Local de treinamento) para treinar. Ele foi aceito como estudante e ficaria com Ueshiba por dez anos.

(trecho do livro Histórias do GRande Mestre, livro escrito por Susan Perry)

Conflitos comuns em um Dojô

Conflitos comuns em um Dojô
Aikido Today Magazine #97

(pergunta)
“Estou treinando em um bom dojo com várias pessoas divertidas, e eu adoro o aikido. Mas tenho problemas com um praticante em particular. Ele é da Europa, mas fala um bom inglês e sinto que não temos problemas de comunicação. Contudo, ele insiste em seguir na sua velocidade, que é avançada. Eu sou iniciante e ele acabou por me machucar por diversas vezes. Estou pronto para desistir porque já não dá mais para tirar licenças médicas no trabalho para me recuperar. Alguma sugestão?
Sinceramente, disgusted”

(resposta)
As boas notícias para Disgusted é que ele descobriu uma arte marcial maravilhosa. Ao longo do tempo irá permitir a ele que refine seu corpo. Também irá permitir que ele aprenda mais sobre os pontos fortes e fracos de sua personalidade e a trabalhar nela à medida que progredir em suas habilidades técnicas.
O enfoque da psicologia do Aikido vem de uma filosofia bastante sofisticada, a qual é baseada na premissa que somos todos partes de “uma só coisa”. Essa filosofia ensina que aprender a aceitar uma energia negativa e a redirecioná-la pode mudar nossas vidas e as de quem nos ataca. Há inúmeras estórias nas quais O'Sensei fez exatamente isso. (Se Disgusted ainda não tiver lido a biografia de O'Sensei ou uma descrição de sua filosofia, é aconselhável que o faça).
Apesar de nem todos os dojos falem explicitamente sobre a dinâmica de se unir com a agressão, essa idéia está implícita em todos os movimentos do Aikido. O pensamento é, “Receba a agressão e permita que a energia do ataca volte para o atacante”.
No Aikido aprendemos a aceitar a energia agressiva de um ataque e tomas decisões iluminadas sobre o que fazer com essa energia. As defesas do Aikido foram planejadas para que não nos machuquemos. Se formos atacados em um estacionamento, é claro que preferimos que os nossos atacantes acabem no chão ao invés de nós. Por essa razão a polícia aprende técnicas de imobilização do Aikido, assim podem controlar os agressores sem ter que machucá-los.
O objetivo da prática é nos permitir experimentar ataques em um ambiente seguro e controlado. O uke ataca e o nage responde com várias defesas.
O Aikido é único como arte marcial por ser puramente defensiva; sua intenção é nos manter seguros ao invés de nos mostrar como “arrebentar” os outros. Como resultado, estamos sempre com o foco no que nossa própria energia está fazendo e, ao mesmo tempo, aprendendo a lidar com a energia que nos está sendo direcionado de outras fontes(nesse caso, o parceiro ou “atacante”). Fazer essas duas coisas ao mesmo tempo é exigir muito, principalmente dos iniciantes. Nós possivelmente estaremos tão ocupados em saber “aonde colocar o pé” que teremos muito pouco espaço mental para pensar sobre “o que o outro cara está fazendo”. Essa é uma das razões pelas quais os iniciantes se machucam mais. Afinal de contas os iniciantes estão aprendendo uma habilidade altamente física totalmente nova – habilidade essa que envolve se arremessar em um tatame, rolar de cabeça para baixo e descobrir como relaxar quando alguém os estiver atirando no chão.
Quanto mais resistimos a uma projeção, maior é a possibilidade de nos machucarmos. Mas um iniciante pode não estar consciente de que ele ou ela não estão relaxando durante a técnica. Por exemplo, muitos iniciantes irão tentar fugir de um Nikyo – um movimento que que faz com que eles estiquem seus braços, deixando seus cotovelos particularmente vulneráveis a um machucado. Pode não ser a intenção do nage machucar o uke, mas às vezes o uke pode acabar se machucando de qualquer maneira.
Bom, parece que os problemas do Disgusted nas aulas é com uma pessoa em particular.
Quando pensando sobre essa pessoa, Disgusted deve perguntar a si mesmo, “Essa pessoa treina diferente comigo em relação aos outros alunos?”
Se a resposta for “Sim”, provavelmente há um conflito de personalidades entre o Disgusted e essa pessoa que precisa ser avaliado. Nesse caso, Disgusted deve conversar com o seu parceiro em particular e perguntar a ele o que está acontecendo. Pode ser que o parceiro seja um “valentão de armário”, e trazer o conflito à luz pode ser o bastante para resolver o problema.
Por outro lado, pode ser apenas que o parceiro esteja treinando da forma como treinava em seu dojo original. Diferentes dojos têm diferentes ambientes no treino.
Se o parceiro problemático treina da mesma forma com outras pessoas além do Disgusted, isso pode ser apenas a maneira dele de ser. Nesse caso, Disgusted precisa aprender a garantir a sua segurança.
Apesar de ser tarefa do instrutor garantir que as aulas sejam seguras, nenhum professor consegue observar todas as interações. Será que o professor do Disgusted sabe que ele está sendo repetidamente lesionado pela mesma pessoa? Se Disgusted não ficar satisfeito após conversar diretamente com seu parceiro, ele deve considerar levar suas preocupações para o professor.
Apesar do Disgusted parece estar tendo problemas com um aluno que é mais avançado que ele, essa não é a regra. Na maioria dos dojos é responsabilidade dos alunso mais antigos adaptar a sua prática ao nível dos seus parceiros. Essa é uma das razões por que pode ser divertido treinar com parceiros que têm muitos anos de prática: parceiros habilidosos podem treinar com iniciantes no nível mais alto da habilidade dos iniciantes sem sacrificar a segurança.

Elizabeth Hendricks é doutora em psicologia clínica e faixa preta de Aikido.

A tradução original está no blog Multiply
.

segunda-feira, maio 29, 2006

Conheça os Princípios do Ki-Aikido e da Ki Society

5 princípios do Shinshin Toitsu Aikidô (Ki Aikidô)

Princípios para unificar mente e corpo

5 Princípios principais do Ki-Aikidô

5 princípios para manter o ponto um

5 princípios para relaxar completamente

5 princípios para manter o peso embaixo

5 pricípios para extender o Ki

5 princípios da meditação Ki

5 princípios de exercícios com Ki (Aiki taissô)

5 princípios de respiração com Ki

5 princípios para Kiatsu Ryoho

5 princípios dos testes de Ki

5 princípios do Ken com Ki

5 princípios do Jô com Ki

5 princípios do aprendizado com Ki

5 princípios do Setsudo (Ensinando o Caminho do Universo)

Ensine o que você aprendeu

5- Ensine o que você aprendeu

Livro: Ki in daily life p. 119 - BE BOTH PUPIL AND INSTRUCTOR

Tohei Sensei gostaria que você entendesse que enquanto você ainda está aprendendo você estará também ensinando.
Apesar de você ter aprendido algo somente pela metade, os pontos positivos entrarem em uma orelha e saem pela outra, no caso do princípio de ki da união de mente e corpo, o ato de virar o pescoço ou dobrar o dedo pode ter um grande significado e fazer uma grande diferença no efeito de uma técnica. Em algumas vezes, apesar de você não ser capaz em derrubar seu oponente por mais que se tente, uma mudança no jeito de dobrar seu dedo tornará a derrubada de seu adversário tão fácil que não nos percebemos , uma vez que essas modificações envolvem mudanças direcionais no fluxo de ki e são muito importantes.
Caso você aprenda algo com a idéia de se apressar para casa e ensinar para seu irmão ou qualquer outra pessoa você prestará atenção especial, escutar cuidadosamente e estar seguro de que você tenha dominado muito bem. Se você sempre praticar com a idéia em mente que algum dia você poderá ensinar o que está aprendendo seu progresso será mais ainda mais rápido.
Apesar do treinamento em ki ser o aprendizado das regras do universo colocando-as em prática, a maioria das pessoas desconhecem essas regras. Se você aprender uma delas hoje, pelo menos mais uma pessoa sabe essa regra. Além disso você se tornou um professor com a qualificação para ensinar outra pessoas. Se você aprendeu o braço indobrável hoje, você estará em posição para ensinar a qualquer um amanhã.
Quantas qualificações mais avançadas você terá para ensinar se você se disciplinou ao ponto de poder verdadeiramente aplicar as leis do universo!
Se cada pessoa estudasse com o conhecimento de que um dia se tornará um líder da sociedade e será capaz de fazer sua contribuição, o mundo seria muito mais brilhante.
(trad. Kendi Chikude_

Conheça os princípios do Setsudo (Ensinando o Caminho do Universo)
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Persevere

2- Persevere
Livro: Ki in daily life p. 116 a 117 - PERSEVER
Se você inicia algo termine. Se você estiver fazendo algo por diversão somente não há problema tentar um pouco aqui ou ali, mas uma vez que você decida que este é o caminho que deseje seguir é errado parar no meio do caminho. Fazendo isso somente provará a fraqueza de sua força de vontade.
Apesar de em alguns casos as condições de trabalho ou outras limitações tornam impossível a continuação de algo que você tenha iniciado, não há desculpas em desistir no meio do caminho, uma vez que o treinamento em ki é levado para sua vida normal diária e somente você possui sua mente e corpo consigo.
Tudo o que você decidir estudar você irá encontrar algumas dificuldades ao longo do caminho Começar algo simplesmente e parar logo em seguida é um problema separado porque em casos como este a pessoa nunca teve a real intenção de ir muito longe, porém algumas vezes as pessoas realmente desejam continuar e desistem quando encontram alguma dificuldade. Dependendo das pessoas envolvidas, algumas desistem do treinamento em ki após um a dois meses, algumas duram até seis meses. Normalmente uma pessoa que permaneçam por um ano continuarão por um longo tempo. Em outras palavras, leva aproximadamente um ano para pegar gosto do que é realmente o treinamento em ki. Pessoas que desistem após um mês criticando o treinamento não entenderam muito bem o treinamento.
Não importa qual o tamanho do sino, se você der-lhe um pequeno tapa, o sino soará muito fracamente. Devemos entender cuidadosamente que a fraqueza da batida e não por falha do sino que o som ecoa fracamente. É muito parecido com a história dos cegos e do elefante. Cada um dos cegos incapaz de sentir todo o animal , julgou que o elefante era a única parte que havia examinado. O homem que havia tocado a perna do elefante disse que o elefante era uma coluna alta, o homem que havia tocado a tromba disse que o elefante era um poste longo. Nenhum dos homens estava errado individualmente, porém o que haviam descrito como sendo o elefante estava sequer perto da coisa real. A menos que possamos ver a coisa inteira não é possível entender com o que estamos lidando.
Ultimamente algumas pessoas intencionam passar uma coleção de todos pontos positivos do judô, karatê e kenpô. Tudo isso é muito bom se estiverem ensinando realmente todos pontos os positivos, mas não podemos esquecer que o que eles apresentam é muito parecido com a definição de elefante de acordo com os cegos. Não há nada melhor que a coisa verdadeira. Não é fácil investigar cada uma das coisas completamente, particularmente no caso do treinamento em ki, que envolve os estudos das leis do universo e as coloca realmente na prática. Devemos estudar totalmente conscientes do fato que o treinamento em ki é algo que continuamos por toda nossa vida. Mantendo o ponto um no abdome inferior, relaxando, e preservando o ki positivo são partes da atitude de vida confortável e prazerosa que mais se enquadra na natureza do ki. É um fator indispensável no desenvolvimento de sua personalidade, na sua própria formação em um membro esplêndido da sociedade. Dar continuidade a isso por toda sua vida é o caminho correto para ser seguido.
Encontramos problemas também na nossa disciplina. Sentimos de certa forma sufocados ou não suportamos mais. Algumas vezes algumas pessoas desinteressadas e de pouca força de vontade irão desistir. Na verdade, se nós não reclamarmos ou tentamos nos justificar mas continuamos praticando pacientemente, podemos superar quaisquer dificuldades. Uma vez que derrubamos as barreiras no nosso caminho nossa visão é expandida, as coisas tornam-se mais interessantes, e conseguimos um progresso sólido. Quando depararmos com o próximo obstáculo, estaremos preparados para derrubá-lo e prosseguir adiante. Positivamente, considera-se que cada novo obstáculo é uma prova que você conseguiu progredir até esse ponto ao longo do caminho. De acordo a um velho ditado, somente aproximamos da verdadeira fé quando a fé repetidamente supera a dúvida.
(trad. Kendi Chikude_

Conheça os 5 princípios do aprendizado com Ki
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Tenha a mente como um espelho

Livro: Ki in daily life p. 115 a 116 - BE CANDID

1- Tenha a mente como um espelho

Não somente durante o treinamento de ki,, porém quando se está aprendendo qualquer coisa, a sinceridade é essencial. Algumas pessoas são incapazes de aprenderem qualquer coisa devido a experiências anteriores fracassadas. Essas pessoas possuem o que chamamos de maus hábitos. Elas julgam as coisas baseadas na sua limitada experiência e pensam que o que lhes serve é correto e o que não lhes serve é errado. O progresso não ocorre desta forma.
Considere um copo cheio d’água. Se colocarmos mais água dentro dele a água irá derramar e somente um pouco restará dentro do copo. Uma vez que o copo esteja vazio, ele será preenchido com muita água nova. Se sua cabeça estiver cheia com várias coisas, não entrarão coisas novas que você queira aprender. Sendo franco com a mente como um espelho é uma boa forma para esvaziar sua cabeça de coisas inúteis. O aprendizado com Ki é a disciplina que permite um grande progresso na mudança de um mundo que enfatiza o corpo para um mundo que centraliza no espírito, de um mundo que pensa em dualidades, para um que pensa em absolutos, de um mundo de conflito para um de paz. Seria como se passasse de um mundo de ondas de sons para um supersônico.
Se você não utilizar toda humildade ao estudar ki, este não irá permanecer consigo.
Algumas pessoas decidem em seus corações de uma vez por todas que não irão acreditar no que qualquer pessoa diga. Talvez pensem que se elas não forem desconfiadas alguém irá enganá-las Tudo possui interpretação boa e ruim. Desconfiança constante encoraja somente interpretações negativas e a incapacidade de pensar bem até mesmo para as coisas boas.
Entretanto é perigoso acreditar em tudo que se ouve porque você não pode saber onde tal credulidade irá liderá-lo. Porém a pessoa que está convencida que pode duvidar de tudo no mundo deve conduzir uma vida de desconfiança dela mesma.
Uma jovem professora encontrada por Tohei Sensei nos EUA perguntou-lhe para contá-la sobre ki. Tohei Sensei explicou-lhe da idéia que a mente controla o corpo e o princípio do braço indobrável. Então foi estendido o braço da professora o mais tenso e estendido possível, e Tohei Sensei dobrou o braço. “Você pode dobrar meu braço porque sou muito fraca”. “Muito bem” disse Tohei sensei, “Desta vez não tensione seu braço, mas pense com todo seu ser que sua força espiritual está fluindo milhares de quilômetros adiante.” Ela parecia fazer o que foi pedido, mas Tohei Sensei podia ainda dobrar seu braço. Tohei sensei estava tentando compreender o fato. Era capaz de dobrar o braço porque ela não conseguia pensar como havia sido pedido. Quando lhe foi pedido para pensar sinceramente naquilo que estava fazendo ela disse que assim o fazia, porém em várias tentativas Tohei Sensei sempre foi capaz de dobrar seu braço. Portanto, como maiores explicações seriam infrutíferas, Tohei Sensei pediu para outra mulher que estava próxima para ajudá-los. Tohei Sensei pediu-lhe que tensionasse seu braço. Ela assim o fez e a professora era capaz de dobrá-lo. A seguir, Tohei Sensei pediu a uma nova assistente para relaxar o braço e concentrar e sua força espiritual fluindo milhares de quilômetros para a frente. Então Tohei Sensei solicitou à professora para tentar dobrar seu braço, o que não lhe foi possível. A Segunda mulher disse, “Isso é maravilhoso, entendo exatamente.” A professora insistiu que ela não podia dobrar o braço da outra pois esta era mais forte, apesar da professora ser a maior das duas. Tohei Sensei disse que a professora foi capaz de dobrar seu braço pois ela o havia tensionado, e a professora respondeu, “Ela deixou dobrar o braço de propósito.” Apesar da Segunda mulher negar a afirmação, a professora se recusava teimosamente em acreditar. Não havia sentido tentar prosseguir com as explicações. Tohei Sensei poderia ter continuado se a conversa fosse em japonês, porém seu inglês era insuficiente para prosseguir com a tarefa.
A Bíblia ensina que aqueles que acreditam são abençoados. Pessoas do tipo dessa professora estão convidando infelicidade a elas mesmas. Tohei Sensei tenta imaginar que tipo de psicologia ela ensina na sala de aula. Seu copo d’água está cheio de água e nenhuma água nova pode entrar.
Apesar desta professora ser um caso extremo, seu tipo é comum em uma maior ou menor extensão. Pessoas deste tipo estão atrasando seu próprio progresso. Pensamentos positivos são diferentes que negativos, entretanto muitas pessoas confundem os dois. Se tirarmos nossas máscaras e pensarmos diretamente, poderemos dizer para nós mesmos o que é correto e o que é errado. É bom estudar e aprender , mas não há sentido atrasar o progresso de alguém pelo uso da imaginação nos caminhos da desconfiança. No treinamento de ki uma pessoa sincera com a mente como um espelho progride velozmente para aquela razão.
(trad. Kendi Chikude_

Conheça os 5 princípios do aprendizado com Ki
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