sexta-feira, junho 02, 2006

Décima primeira parte de entrevista Inédita (em português) de Tohei sensei

Barreiras e oportunidade de aprender sobre Ki

- Muitas pessoas que gostariam de vir ao Japão aprender Ki-Aikido ou Kiatsu no quartel General simplesmente não possuem tempo ou dinheiro para dispender estudando durante 2 anos, longe de seus empregos, morando no Japão e aprendendo outra língua. Qual a alternativas para essas pessoas se não existir um dojo por perto?
- Há muitos dojos da Ki Society pelo mundo afora. Nós também desenvolvemos um curso à distância por meio de vídeos, com o qual as pessoas podem aprender em casa ou com um grupo de amigos. Eles podem vir ao Hombu Dojo apenas duas vezes ao ano para 4 dias de seminários para checar seus progressos. Apesar de que este modo possa tomar mais tempo do que um estudo intensivo no Hombu Dojo (morando no local), nós temos percebido que para estudantes sérios o volume de tempo não é o elemento mais importante para o progresso. Mesmo após alguns dias estudando com o vídeo, eu lembro de um grupo de cinco estudantes que se uniram e treinaram juntos usando meus vídeos e livros como guia. Eles faziam turnos, nos quais uma pessoa lia como fazer a técnica passos a passo, enquanto os outros 4 praticavam em pares. Quando eu os vi eu fiquei surpreso como faziam bem, sem terem tido os benefícios de um professor. O mais importante é um forte desejo de aprender, um bom material de aprendizado, e a oportunidade de ter um praticante gabaritado para checar periodicamente os progressos. Mesmo longe de circunstâncias ideiais, é possível fazer mais progresso do que as pessoas que moram no Japão, no Hombu Dojo, mas que lhes falta a atitude ideal.

- Algumas pessoas no ocidente resistem a pratica Aikido ou outra arte marcial porque eles pensam que podem estar indo contra suas crenças religiosas. Aikido tem sido influenciado pela religião Shintô, assim como pelo Budismo. È preciso a pessoa ter algum tipo de crença (religiosa) para praticar Aikido?
- Curvar-se em cumprimento é um costume oriental. O significado original disso é mostrar respeito. Nos não estamos divulgando ídolos ou praticando um culto religioso. Nós nos curvamos em respeito a um ideograma pintado – Ki – na parede frontal do dojo simplesmente porque isso representa nosso respeito ao universo. E nós nos curvamos para o instrutor e uns aos outros pelo mesmo motivo. O símbolo não é importante. Você saúda a bandeira para mostrar respeito a deus e a seu país, e para seus companheiros. Isso não é uma forma limitada de respeito, que é reservada para um ou outro. O importante é mostrar respeito a todas as formas de vida do universo.

Construindo uma ponte sobre o vácuo entre as gerações

- Como o senhor prepara seu filho para levar seu trabalho adiante, qual as diferenças e similaridades entre os desafios que ele irá enfrentar e os que o senhor enfrentou?
Meu filho, Shinichi, tem uma vantagem por estar sendo habilitado a começar estando sobre meus ombros. Ele não precisa começar do zero, ou juntar as partes (conhecimento) recebidas de um ou de outro. Outra diferença é que quando eu tinha sua idade o Japão estava em guerra. Nada estava à mão. Você precisa defender a si mesmo. Nada era obtido sem esforço, incluindo seu treinamento. Por outro lado, nada era claramente explicado, e havia muitos traços de tradição de difícil significado a desviar seu entendimento. Na sua geração, todas as coisas têm sido dadas em suas mãos, sem a necessidade de confusão. De qualquer modo, se ele tiver o mesmo nível de motivação, é possível a ele conquistar em 5 anos o que eu levei 20, simplesmente porque os ensinamentos foram refinados a um alto nível. Há uma menor necessidade de erros e acertos, sem precisar ir atrás de muitos falsos direcionamentos em treino.

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